Evangelho: alta tensão
Ninguém disse que era fácil. Jesus seduz-nos, provoca-nos, instala-nos e desinstala-nos, enche-nos de calma e coloca-nos no meio da tormenta. Também o ressuscitado aparece de modo enigmático. Não é fácil reconhecê-lo e quando o reconhecemos desaparece. Acende-nos por dentro e depois não aparece; há momentos que o adivinhamos e outros em que experimentamos a ausência.
1. Entre a tua sabedoria e a minha ignorância
Jesus tomou a palavra e disse: «Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos. (Mt 11, 25)
Senhor, admiro-me permanemtemente pela lógica do teu evangelho, e sinto-me pouco cpaz na sua aplicação. Estou desejoso de amar sem limites mas experimento a confusão ao não saber como sair do meu «pequeno» amor. Assombrado pela verdade que se vislumbra nas bem-aventuranças, mas ao mesmo tempo seduzido pelas promessas deste mundo. Assim vivo senhor, procurando compreender-te a partir da profundidade do coração, buscando respirar ao ritmo do teu latido nas vidas que me rodeiam. Querendo recongecer-te no dia-a-dia… e reconhecendo-te, amar-te e seguir-te.
2. Entre a valentia e o temor
«Jesus disse-lhes: «Não temais. Ide anunciar aos meus irmãos que partam para a Galileia. Lá me verão» (Mt 28, 10).
É assim que vivo o evangelho: às vezes cheio de coragem, de impulso e de energia… Nesses momentos parece que não há grandes obstáculos: cada projecto parece estar sempre ao meu alcance. Sinto que contigo tudo posso: gritar o teu nome, amar o teu reino, gastar a vida… outras vezes tudo isso me assusta. Tenho medo do silêncio, da solidão, do fracasso, da recusa, da pobreza, da dor. Tenho medo de não te encontrar na minha procura. Perder-te aterroriza-me. É assim que vivo, dando passos, às vezes vacilante outras seguro. Vou procurando seguir o teu caminho. E encontrando-te sinto-me em casa.
3. Entre a tua força e a minha fragilidade
Mas Ele respondeu-me: «Basta-te a minha graça, porque a força manifesta-se na fraqueza.»De bom grado, portanto, prefiro gloriar-me nas minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo. (2 Cor 12, 9)
Há ocasiões em que te sinto forte em mim. Noutros momentos não me sinto capaz de nada. Há dias em que tu és a minha fortaleza, o meu baluarte, a minha rocha, a minha segurança, a minha ressurreição; noutros és o meu grito, o meu pranto, a minha cruz, a minha ferida… Momentos há em que nem te sinto. Há dias e quem acredito que os meus braços podem ser refúgio e casa para acolher os que estiverem sedentos de próximo, e outros em que esses mesmo braços se alçam para pedir ajuda.